quarta-feira, 29 de março de 2017

Influência do contexto de crescimento no desenvolvimento dos jovens



Muitos são os meninos que encontramos nos escalões de formação que almejam chegar a profissionais, conquistar a Champions e o mundo com o seu futebol mas poucos são os que lá conseguem chegar.
Existem vários fatores que condicionam a possibilidade dos jovens conseguirem atingir todo o seu eventual potencial. Desde logo a região onde nascem, o contexto familiar, as vivências de outras práticas desportivas, os treinadores que encontram ao longo da sua formação, a qualidade de processo de treino, o nível competitivo onde jogam/treinam, características físicas e psicológicas individuais, etc.

Há uns dias, via a entrevista de Mário Jardel ao Porto Canal e, a certa altura o entrevistador introduziu na conversa o facto de Jardel ter praticado Voleibol em jovem. Ele não desenvolveu bem o tema, no entanto, esta prática ajudou-o e muito a tornar-se o jogador que foi. Para quem não sabe, Mário Jardel foi um dos grandes goleadores que passou pelo futebol português e a sua maior arma era o jogo aéreo, sendo um jogador letal de cabeça.

Para além dos seus 1,88m, o treino no voleibol - muito à base de saltos (pliometria) - ajudou-o a desenvolver uma capacidade de impulsão grande (cerca de 70cm segundo a entrevista), o que lhe dava uma enorme vantagem.
A prática desta modalidade também o ajudou na capacidade de ler as trajetórias da bola para que pudesse estar sempre o local certo nos cruzamentos dos colegas.
Outro ponto importante mencionado na entrevista foi o facto de Jardel cabecear de olhos abertos e assim poder decidir até ao último contacto com a bola onde a colocar consoante a posição do guarda-redes, algo muito próximo do remate no voleibol onde ele tinha de ter noção do espaço onde colocar a bola consoante os posicionamentos dos adversários até ao último momento.

Neste caso, o contexto que adquiriu na prática de outra modalidade ajudaram-no a desenvolver características ideais para um jogador de área. O facto de naquele tempo o futebol viver muito do "ir à linha e cruza" fazia com que ele estivesse como peixe na água. 

São as diferentes vivências que influenciam as características dos jovens jogadores e que os permite, ou não, atingir todo o seu potencial. No caso do Mário Jardel tudo se alinhou para que ele pudesse ter o sucesso que alcançou, se em vez do voleibol ele tivesse ido para o andebol as características desenvolvidas teriam sido completamente diferentes e teríamos um Jardel diferente.

quinta-feira, 23 de março de 2017

Tomada decisão - Superioridade / Igualdade numérica

aqui, há pouco mais de um ano, tínhamos abordado este tipo de situações que, não sendo muito recorrente, é importante que sejam aproveitadas com a maior taxa de sucesso possível por quem ataca.

No passado fim-de-semana, em dois jogos diferentes, tivemos exemplos de como não se deve abordar este tipo de ações.

Pegando no exemplo vindo do Boro vs Man Utd.  


Nesta situação, em claro 2x2, e nem em remate a jogada acaba. O porquê deste fim pode ser visto de duas formas:
1 - Rashford faz a desmarcação de rotura demasiado cedo, devia esperar a aproximação de Lingard com a linha defensiva e depois, consoante o contexto, podia servir de apoio para tabelar ou então procurar o movimento de rotura para arrastar cobertura e libertar espaço central.
2 - Contudo, Lingard tenta o passe que tinha poucas condições de ter o sucesso esperado. A movimentação de Rashford fez com que o obrigasse a decidir mais rápido sob pena de passar de um 2x2 para 2x1.


No segundo exemplo, o encantador AS Monaco de Leonardo Jardim, dispôs de uma situação de 4x1! Aqui ainda acabou em remate mas já em condições de menos sucesso.


Fabinho galgou metros (e bem!) tendo em conta que em nenhum momento conseguia fazer o passe que eliminasse o último adversário, contudo e mais uma vez, o timing de soltar a bola não foi o mais acertado.

O sugerido é que fixasse o defesa e soltasse no colega em potencial 1x0+Gr, e podia fazê-lo tanto para a esquerda como para a direita.  Ao passar no momento que o fez permitiu com que o defesa ainda condicionasse o remate de Lemar.
No meu ponto de vista esta foi a pior decisão que Fabinho podia ter até porque se queria soltar a bola naquele momento, o mais indicado era colocar no jogador que tem à sua direita tendo em conta os apoios virados do adversário e, provavelmente mesmo sem o fixar, colocaria o colega vs Gr.