segunda-feira, 6 de junho de 2016

1x1, o risco da progressão sem cobertura mas o bem que faz à criatividade!

Continuando na temática do treino de formação, estamos aqui hoje para expormos algumas ideias em mente. Achamos que a exploração dos jogos reduzidos é a melhor forma de estimular os jogadores por tratar-se de uma imitação de jogo (1x1, 2x2, 3x3, 4x4,...) que lhes permite executar vários movimentos num curto espaço de tempo! Peguemos por exemplo numa situação de 2x2, temos a relação com a bola, com o companheiro, com os adversários e com a baliza! Quantos passes, fintas, simulações, tabelas, remates, desarmes, inteceções, recuperações de bola irão fazer e será que algum desses movimentos irá ser igual? Quantos problemas irão enfrentar e como irão tentar resolver esses problemas? Se aumentarmos o número, diferentes serão os estímulos, diferentes os problemas, diferente a forma de resolver esses problemas e assim aumentamos acima de tudo, a capacidade dos jogadores encontrarem vários situações complicadas durante um jogo e conseguirem resolver esses problemas! 

Se falarmos também em princípios ofensivos e defensivos, quantas contenções irá um jogador executar num 1x1 e quantas progressões irá o portador da bola realizar? Quantas contenções apoiadas de cobertura os jogadores irão executar numa situação de 2x2? E aqui não se trata de repetir movimentos de uma forma linear e exaustiva! Trata-se de oferecer vários estímulos aos jogadores, de forma a que quando chegam à competição, consigam "ler" o que eles visualizam, consigam interpretar da melhor forma todas as variáveis e a partir daí consigam decifrar os problemas e decidir da melhor forma possível! E como é que isso acontece? Simples, basta que sejam eles sempre a decidir! E se cometerem erros? É normal! Se não errarem, nunca vão aprender! 



Apontando as nossas baterias às situações de 1x1, temos visto inúmeras situações em que o portador da bola arrisca, perde a bola e sofre golo! Algo que na nossa opinião é perfeitamente normal! Mas de que forma é que os fazemos entender que esse risco só lhe vai fazer bem? Como é que nos dizemos que, mesmo que perca a bola 90 vezes em 100 decisões completamente diferentes, nos queremos que ele tenho confiança e continue a arriscar? É aqui que surge a criatividade! Um jogador que tenta de 1001 maneiras, forma de chegar ao sucesso, tem mais probabilidade de chegar lá do que um jogador que não arrisca nada e joga sempre pelo seguro. 

O quanto se queixam os treinadores da falta de criatividade dos jogadores, quando são eles os primeiros a gritar "passa a bola", "não brinques" ou então a minha favorita "estás a mastigar o jogo, solta a bola"! Deixem os miúdos sonhar, imitar os melhores, tentar! Deixem-nos testar, experimentar, decidir e acima de tudo, se correr mal, não os crucifiquem porque quando correu bem eles foram incríveis! Eles que criem, eles que se divirtam a criar, eles que tentem! Eu quero jogadores com coragem de ter a bola nos pés e que não tenham medo de cometer erros! Criem!

quinta-feira, 2 de junho de 2016

A importância da tomada de decisão

Quando olhamos para o futebol moderno, percebemos desde logo que apesar de entendermos o jogador como um todo, é difícil não o dividir nas várias componentes que o compõem de forma a dissecar de melhor forma a sua natureza e as suas valências! Dividimos o todo pelo técnico, tático, físico, psicológico e social. Sabemos que para atingir determinados patamares do futebol, o jogador tem que ser dotado de atributos físicos, de características que os atraiam os que treinam. Damos o exemplo de Jorge Jesus que por exemplo gosta de defesas fisicamente forte e com uma estatura física acima da média. Tecnicamente o jogo tem evoluído de forma brutal e apesar de não existirem tantos "mágicos", se assim o podemos dizer, a bola quer ser tratada com requinte e em termos médios, a qualidade nesse parâmetro subiu consideravelmente (podemos falar da forma como cada vez mais equipas procuram construir o jogo começando pelo guarda-redes!). A exigência tática foi a maior evolução que o futebol sofreu na mudança do século! Não em termos de sistemas pois isso é pouco relevante, mas sim na forma como os jogadores executam as ideias dos treinadores! E como o futebol não é 2+2, cada treinador tem as suas próprias ideias (ou algumas ideias tiradas de várias referências!) e isso faz com que o futebol se torne num jogo cada vez mais imprevisível e sempre em constante evolução! Não esquecendo a importância da parte psicológica e social na performance, aquilo que para nós, hoje em dia no futebol é o mais crucial, é a tomada de decisão! A tomada de decisão comanda, tem o poder, quem tem a bola manda no jogo e quem decide influência em tudo ao seu redor! Tentando aproximar sempre a equipa do sucesso em cada uma dessas decisões. A inteligência das decisões que se tomam, a importância de ter a bola nos pés e saber o que fazer, com qualidade e acima de tudo com critério! Um jogador de topo destaca-se pela qualidade a decidir, ler, perceber, interpretar o jogo e decidir pela sua cabeça! E as opções são imensas!



Isto é uma mensagem para todos os treinadores de formação em Portugal! Ajudem os vossos jogadores a entender o jogo, não joguem por eles! Larguem o comando, poupem a voz para os incentivar! Ofereçam-lhes linhas de passe e deixem-nos decidir! Mesmo que isso os leve a errar! Pois como em tudo na vida, não existe nada que nos faça aprender mais do que cometer erros! Deixem os miúdos cometer erros, façam-lhes perceber os erros  que cometeram! Tentem guiá-los para as melhor soluções, mas tenham paciência, pois o caminho da formação é comprido! Eles que decidam felizes e no futuro vão aparecer mais jogadores inteligentes como Xavi, Iniesta e Messi!

domingo, 6 de março de 2016

Tomada de decisão - Renato Sanches

A seguinte jogada decorreu no derby do passado sábado.


Renato Sanches em condução, como ele gosta, numa situação de 3x2 com enorme potencial que nem em remate acaba, e porquê ?

O portador da bola tinha 3 soluções:

1.Soltava na esquerda - Ao soltar neste lado e na altura em que o fez, transformou uma situação de 3x2 para 2x2, pior ainda que depois ficou parado quando se pedia uma desmarcação de rotura.




2. Continuava a conduzir para fixar o defesa e soltar no jogador livre - Esta, no nosso ponto de vista, era a melhor solução para este problema porque de 3x2 conseguia colocar o colega num 1xGr.

3. Soltava na direita - Era um passe difícil, na altura em que ele decidiu passar a bola, tendo em conta o posicionamento de Ewerton. Contudo, e dado a dança de apoios do defesa do Sporting, não era de todo impossível. Passaria aqui para um 2x1, continuando em superioridade e com possibilidades de receber em rotura.


Das 3 soluções que Renato tinha para o problema optou por decidir pela pior e a jogada "morreu" facilmente.

Não há dúvida que o jogador do SL Benfica tem uma enorme qualidade e um tremendo potencial, no entanto, há muito por onde evoluir. Deixem-no crescer com tranquilidade. Facilmente o departamento de scouting do SL Benfica vai detetar este lance e mostrar ao jogador o caminho a seguir, tal como Rui Vitória no processo de treino.

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Controlo de cruzamento e linha da cobertura no Real de Benítez

Rafa Benítez foi despedido do Real Madrid, uma situação que não surpreendeu muita gente. No último jogo frente ao Valência, esteve duas vezes na frente do marcador, mas não conseguiu segurar a vantagem, sendo que o 2-2 foi consentido logo a seguir ao 2-1! O controlo de cruzamento e a linha da cobertura permitiram que o empate fosse o resultado final.
Que comece a análise!





Defendemos que fora da linha da área, a linha da cobertura seja diferente da linha da contenção. Neste caso a linha da cobertura deveria estar colocada na linha da grande área, com dupla cobertura no contenção e sempre a condicionar o espaço interior, levando o adversário a jogar para os corredores laterais. Benítez assim não entende!