quarta-feira, 3 de junho de 2020

Percentagem de acerto no passe vs Critério

O futebol é um jogo de acertos, de percentagem de sucesso, de golos e há vários anos que esta temática surge em conversas, formações,...
Todos ouvimos as histórias que nos contam sobre os fantásticos médios defensivos nórdicos e as estatísticas incríveis em termos de passes certos.
Aos poucos esta estatística foi sendo desmistificada, reduzida a aquilo que ela vale. Vale o valor que lhe dermos e apenas isso.

De que vale num jogo de futebol termos o domínio da posse de bola se essa posse resulta em passes para o lado e para trás? Jogando sempre fora do bloco adversário e nunca procurando incomodar os movimentos entre setores da equipa adversária? O que fazemos nós com tanta posse de bola se nunca for para ferir a organização defensiva do adversário?

Será sempre mais seguro jogar para o lado e para trás, mas será jogar seguro sempre o mais sensato?

Existem muitos jogadores que apresentam em termos estatísticos uma percentagem de acerto de passe abaixo de outros, apenas e só porque arriscam mais. Arriscam mais porque percebem a dificuldade do sucesso, mas também sabem que aumenta exponencialmente o probabilidade do sucesso acontecer.



"A posse de bola é apenas um método para organizar a equipa e desmontar o adversário" Pep Guardiola (2014)

Portimonense x Gil Vicente (1ª parte)

No regresso à liga NOS, deixamos aqui alguns apontamentos (1ª parte):


  • Excelente organização defensiva por parte do Gil Vicente. Para além de não dar espaço entrelinhas para o Portimonense, ainda obriga a um excesso de jogo vertical, o que já deixou vários jogadores adversários em fora de jogo.

  • Mais perigoso o Gil Vicente, apesar de ainda não ter havido uma oportunidade flagrante, o domínio é claro.

  • O Portimonense tem que ser mais paciente com bola, mais rápido na troca de bola, mas mais paciência na procura do melhor momento para atacar a baliza.

  • Custa ver um jogador da qualidade do Jackson Martínez a sofrer em cada passada que dá. Claramente limitado fisicamente, mas a qualidade continua presente.

sexta-feira, 5 de maio de 2017

"Não entres à queima!!"


Se nos focarmos no feedback que o treinador envia para os seus jogadores no futebol de formação durante os jogos, conseguimos criar um top de frases mais ditas e retirar muitas pérolas.
O "Não entres à queima!" é, provavelmente, a que consegue ficar em 1º lugar. Fim-de-semana após fim-de-semana, jogo após jogo, lá está o treinador a dizer ao seu atleta: "Não entres à queima, pá!" e, muitas das vezes, lá fica o miúdo a olhar para ele e a tentar decifrar o que quer dizer com aquilo. 

Já lhe ensinaste, pelo menos, o contrário da frase que dizes? Saberá ele a posição base da contenção? Saberá ele em que contextos deve/pode tentar o desarme ou fazer contenção?

Pegando nesta frase devemos reter duas coisas:
1º Se o teu atleta aborda os lances dessa forma ou é porque nunca lhe ensinaste o contrário dessa frase - contenção - ou então no processo de treino não está a ter os estímulos corretos para conseguir mudar o chip e melhorar esse aspeto do jogo.

2º Experimenta utilizar o feedback positivo e diz-lhe o que ele DEVE fazer em vez do que ele NÃO DEVE fazer: "Na próxima vez utiliza a contenção!".  Isto porque muitas das vezes dizes para ele não fazer certo tipo de coisas e ele, se não pode fazer aquilo, fica sem saber o que deve/poderia fazer nos diferentes contextos.

Portanto, da próxima vez que disseres ao teu atleta para não abordar um lance daquela forma, lembra-te que o principal responsável por isso acontecer és tu.

PS. Na próxima semana falaremos do "Epa, não inventes!".

terça-feira, 2 de maio de 2017

Zizou e a liberdade


Este Real e Zizou são caso de estudo. O Real Madrid não é a equipa mais organizada no momento defensivo, não é a equipa com o melhor/mais vistoso futebol, consegue ter, muitas vezes, zero jogadores dentro do bloco adversário e mesmo assim vai somando vitórias e conquistando troféus. É verdade que tem dos melhores executantes do mundo mas por vezes isso por si só não chega e é aqui que entra Zinedine Zidade.
Zizou foi um dos melhores de sempre a jogar este jogo e pelo que parece foi inteligente o suficiente para perceber como lidar com um grupo de jogadores tão talentoso. Provavelmente é o treinador que gostaria ele próprio de ter apanhado como jogador. Com jogadores deste nível, Zinedine percebeu o quão importante é a liberdade decisional no momento ofensivo e dá aos seus atletas toda essa liberdade. 

Vê-se no jogo do Real a alegria dessa liberdade e os jogadores desfrutam do momento. Recriam-se entre eles, procuram solucionar problemas em conjunto ou até mesmo na qualidade individual que destrói qualquer organização defensiva, consoante o contexto.

Este lance de Marcelo é prova disso. 



Isco e a sua magia tem sido quem mais beneficia com este tipo de jogar. Que classe enorme.



Ser treinador é muito mais do que saber apenas sobre táticas e momentos de jogo. Ser treinador é saber adaptar-se ao que tem, é conduzir um grupo e criar o ambiente favorável para o desfrutar de um determinado jogar. 










terça-feira, 4 de abril de 2017

Cobertura em movimentos de rotura do adversário


No passado fim-de-semana, o Chelsea perdeu 3 pontos na sua campanha rumo ao título de campeão inglês.
O golo que viria a consumar a derrota inicia numa situação de 1x1 em que tendo em conta o espaço nas suas costas e o perigo que seria tentar o desarme, David Luiz (DL) faz contenção e recua com Bentenke com o intuito de retardar a decisão do portador da bola e esperar ajuda dos colegas. Essa ajuda acaba por chegar através de Cahill que se deixa arrastar pelo movimento de rotura de Zaha em vez de ficar numa linha de cobertura a DL. Se tivesse optado pela segunda opção permitia eliminar o adversário da jogada (fora-de-jogo) e protegia o corredor central.


Num lance idêntico entre o Vitória e o SL Benfica (que já tinha sido referenciado aqui) podemos ver a mestria com que Luisão consegue eliminar o adversário que ia em rotura, proteger o corredor central e tornar mais complicada a decisão de Hernâni.



É apenas um pormenor. Mas no futebol de alto rendimento são estes pormenores que podem ditar o vencedor de um jogo.

quarta-feira, 29 de março de 2017

Influência do contexto de crescimento no desenvolvimento dos jovens



Muitos são os meninos que encontramos nos escalões de formação que almejam chegar a profissionais, conquistar a Champions e o mundo com o seu futebol mas poucos são os que lá conseguem chegar.
Existem vários fatores que condicionam a possibilidade dos jovens conseguirem atingir todo o seu eventual potencial. Desde logo a região onde nascem, o contexto familiar, as vivências de outras práticas desportivas, os treinadores que encontram ao longo da sua formação, a qualidade de processo de treino, o nível competitivo onde jogam/treinam, características físicas e psicológicas individuais, etc.

Há uns dias, via a entrevista de Mário Jardel ao Porto Canal e, a certa altura o entrevistador introduziu na conversa o facto de Jardel ter praticado Voleibol em jovem. Ele não desenvolveu bem o tema, no entanto, esta prática ajudou-o e muito a tornar-se o jogador que foi. Para quem não sabe, Mário Jardel foi um dos grandes goleadores que passou pelo futebol português e a sua maior arma era o jogo aéreo, sendo um jogador letal de cabeça.

Para além dos seus 1,88m, o treino no voleibol - muito à base de saltos (pliometria) - ajudou-o a desenvolver uma capacidade de impulsão grande (cerca de 70cm segundo a entrevista), o que lhe dava uma enorme vantagem.
A prática desta modalidade também o ajudou na capacidade de ler as trajetórias da bola para que pudesse estar sempre o local certo nos cruzamentos dos colegas.
Outro ponto importante mencionado na entrevista foi o facto de Jardel cabecear de olhos abertos e assim poder decidir até ao último contacto com a bola onde a colocar consoante a posição do guarda-redes, algo muito próximo do remate no voleibol onde ele tinha de ter noção do espaço onde colocar a bola consoante os posicionamentos dos adversários até ao último momento.

Neste caso, o contexto que adquiriu na prática de outra modalidade ajudaram-no a desenvolver características ideais para um jogador de área. O facto de naquele tempo o futebol viver muito do "ir à linha e cruza" fazia com que ele estivesse como peixe na água. 

São as diferentes vivências que influenciam as características dos jovens jogadores e que os permite, ou não, atingir todo o seu potencial. No caso do Mário Jardel tudo se alinhou para que ele pudesse ter o sucesso que alcançou, se em vez do voleibol ele tivesse ido para o andebol as características desenvolvidas teriam sido completamente diferentes e teríamos um Jardel diferente.

quinta-feira, 23 de março de 2017

Tomada decisão - Superioridade / Igualdade numérica

aqui, há pouco mais de um ano, tínhamos abordado este tipo de situações que, não sendo muito recorrente, é importante que sejam aproveitadas com a maior taxa de sucesso possível por quem ataca.

No passado fim-de-semana, em dois jogos diferentes, tivemos exemplos de como não se deve abordar este tipo de ações.

Pegando no exemplo vindo do Boro vs Man Utd.  


Nesta situação, em claro 2x2, e nem em remate a jogada acaba. O porquê deste fim pode ser visto de duas formas:
1 - Rashford faz a desmarcação de rotura demasiado cedo, devia esperar a aproximação de Lingard com a linha defensiva e depois, consoante o contexto, podia servir de apoio para tabelar ou então procurar o movimento de rotura para arrastar cobertura e libertar espaço central.
2 - Contudo, Lingard tenta o passe que tinha poucas condições de ter o sucesso esperado. A movimentação de Rashford fez com que o obrigasse a decidir mais rápido sob pena de passar de um 2x2 para 2x1.


No segundo exemplo, o encantador AS Monaco de Leonardo Jardim, dispôs de uma situação de 4x1! Aqui ainda acabou em remate mas já em condições de menos sucesso.


Fabinho galgou metros (e bem!) tendo em conta que em nenhum momento conseguia fazer o passe que eliminasse o último adversário, contudo e mais uma vez, o timing de soltar a bola não foi o mais acertado.

O sugerido é que fixasse o defesa e soltasse no colega em potencial 1x0+Gr, e podia fazê-lo tanto para a esquerda como para a direita.  Ao passar no momento que o fez permitiu com que o defesa ainda condicionasse o remate de Lemar.
No meu ponto de vista esta foi a pior decisão que Fabinho podia ter até porque se queria soltar a bola naquele momento, o mais indicado era colocar no jogador que tem à sua direita tendo em conta os apoios virados do adversário e, provavelmente mesmo sem o fixar, colocaria o colega vs Gr.


segunda-feira, 6 de junho de 2016

1x1, o risco da progressão sem cobertura mas o bem que faz à criatividade!

Continuando na temática do treino de formação, estamos aqui hoje para expormos algumas ideias em mente. Achamos que a exploração dos jogos reduzidos é a melhor forma de estimular os jogadores por tratar-se de uma imitação de jogo (1x1, 2x2, 3x3, 4x4,...) que lhes permite executar vários movimentos num curto espaço de tempo! Peguemos por exemplo numa situação de 2x2, temos a relação com a bola, com o companheiro, com os adversários e com a baliza! Quantos passes, fintas, simulações, tabelas, remates, desarmes, inteceções, recuperações de bola irão fazer e será que algum desses movimentos irá ser igual? Quantos problemas irão enfrentar e como irão tentar resolver esses problemas? Se aumentarmos o número, diferentes serão os estímulos, diferentes os problemas, diferente a forma de resolver esses problemas e assim aumentamos acima de tudo, a capacidade dos jogadores encontrarem vários situações complicadas durante um jogo e conseguirem resolver esses problemas! 

Se falarmos também em princípios ofensivos e defensivos, quantas contenções irá um jogador executar num 1x1 e quantas progressões irá o portador da bola realizar? Quantas contenções apoiadas de cobertura os jogadores irão executar numa situação de 2x2? E aqui não se trata de repetir movimentos de uma forma linear e exaustiva! Trata-se de oferecer vários estímulos aos jogadores, de forma a que quando chegam à competição, consigam "ler" o que eles visualizam, consigam interpretar da melhor forma todas as variáveis e a partir daí consigam decifrar os problemas e decidir da melhor forma possível! E como é que isso acontece? Simples, basta que sejam eles sempre a decidir! E se cometerem erros? É normal! Se não errarem, nunca vão aprender! 



Apontando as nossas baterias às situações de 1x1, temos visto inúmeras situações em que o portador da bola arrisca, perde a bola e sofre golo! Algo que na nossa opinião é perfeitamente normal! Mas de que forma é que os fazemos entender que esse risco só lhe vai fazer bem? Como é que nos dizemos que, mesmo que perca a bola 90 vezes em 100 decisões completamente diferentes, nos queremos que ele tenho confiança e continue a arriscar? É aqui que surge a criatividade! Um jogador que tenta de 1001 maneiras, forma de chegar ao sucesso, tem mais probabilidade de chegar lá do que um jogador que não arrisca nada e joga sempre pelo seguro. 

O quanto se queixam os treinadores da falta de criatividade dos jogadores, quando são eles os primeiros a gritar "passa a bola", "não brinques" ou então a minha favorita "estás a mastigar o jogo, solta a bola"! Deixem os miúdos sonhar, imitar os melhores, tentar! Deixem-nos testar, experimentar, decidir e acima de tudo, se correr mal, não os crucifiquem porque quando correu bem eles foram incríveis! Eles que criem, eles que se divirtam a criar, eles que tentem! Eu quero jogadores com coragem de ter a bola nos pés e que não tenham medo de cometer erros! Criem!

quinta-feira, 2 de junho de 2016

A importância da tomada de decisão

Quando olhamos para o futebol moderno, percebemos desde logo que apesar de entendermos o jogador como um todo, é difícil não o dividir nas várias componentes que o compõem de forma a dissecar de melhor forma a sua natureza e as suas valências! Dividimos o todo pelo técnico, tático, físico, psicológico e social. Sabemos que para atingir determinados patamares do futebol, o jogador tem que ser dotado de atributos físicos, de características que os atraiam os que treinam. Damos o exemplo de Jorge Jesus que por exemplo gosta de defesas fisicamente forte e com uma estatura física acima da média. Tecnicamente o jogo tem evoluído de forma brutal e apesar de não existirem tantos "mágicos", se assim o podemos dizer, a bola quer ser tratada com requinte e em termos médios, a qualidade nesse parâmetro subiu consideravelmente (podemos falar da forma como cada vez mais equipas procuram construir o jogo começando pelo guarda-redes!). A exigência tática foi a maior evolução que o futebol sofreu na mudança do século! Não em termos de sistemas pois isso é pouco relevante, mas sim na forma como os jogadores executam as ideias dos treinadores! E como o futebol não é 2+2, cada treinador tem as suas próprias ideias (ou algumas ideias tiradas de várias referências!) e isso faz com que o futebol se torne num jogo cada vez mais imprevisível e sempre em constante evolução! Não esquecendo a importância da parte psicológica e social na performance, aquilo que para nós, hoje em dia no futebol é o mais crucial, é a tomada de decisão! A tomada de decisão comanda, tem o poder, quem tem a bola manda no jogo e quem decide influência em tudo ao seu redor! Tentando aproximar sempre a equipa do sucesso em cada uma dessas decisões. A inteligência das decisões que se tomam, a importância de ter a bola nos pés e saber o que fazer, com qualidade e acima de tudo com critério! Um jogador de topo destaca-se pela qualidade a decidir, ler, perceber, interpretar o jogo e decidir pela sua cabeça! E as opções são imensas!



Isto é uma mensagem para todos os treinadores de formação em Portugal! Ajudem os vossos jogadores a entender o jogo, não joguem por eles! Larguem o comando, poupem a voz para os incentivar! Ofereçam-lhes linhas de passe e deixem-nos decidir! Mesmo que isso os leve a errar! Pois como em tudo na vida, não existe nada que nos faça aprender mais do que cometer erros! Deixem os miúdos cometer erros, façam-lhes perceber os erros  que cometeram! Tentem guiá-los para as melhor soluções, mas tenham paciência, pois o caminho da formação é comprido! Eles que decidam felizes e no futuro vão aparecer mais jogadores inteligentes como Xavi, Iniesta e Messi!

domingo, 6 de março de 2016

Tomada de decisão - Renato Sanches

A seguinte jogada decorreu no derby do passado sábado.


Renato Sanches em condução, como ele gosta, numa situação de 3x2 com enorme potencial que nem em remate acaba, e porquê ?

O portador da bola tinha 3 soluções:

1.Soltava na esquerda - Ao soltar neste lado e na altura em que o fez, transformou uma situação de 3x2 para 2x2, pior ainda que depois ficou parado quando se pedia uma desmarcação de rotura.




2. Continuava a conduzir para fixar o defesa e soltar no jogador livre - Esta, no nosso ponto de vista, era a melhor solução para este problema porque de 3x2 conseguia colocar o colega num 1xGr.

3. Soltava na direita - Era um passe difícil, na altura em que ele decidiu passar a bola, tendo em conta o posicionamento de Ewerton. Contudo, e dado a dança de apoios do defesa do Sporting, não era de todo impossível. Passaria aqui para um 2x1, continuando em superioridade e com possibilidades de receber em rotura.


Das 3 soluções que Renato tinha para o problema optou por decidir pela pior e a jogada "morreu" facilmente.

Não há dúvida que o jogador do SL Benfica tem uma enorme qualidade e um tremendo potencial, no entanto, há muito por onde evoluir. Deixem-no crescer com tranquilidade. Facilmente o departamento de scouting do SL Benfica vai detetar este lance e mostrar ao jogador o caminho a seguir, tal como Rui Vitória no processo de treino.

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Controlo de cruzamento e linha da cobertura no Real de Benítez

Rafa Benítez foi despedido do Real Madrid, uma situação que não surpreendeu muita gente. No último jogo frente ao Valência, esteve duas vezes na frente do marcador, mas não conseguiu segurar a vantagem, sendo que o 2-2 foi consentido logo a seguir ao 2-1! O controlo de cruzamento e a linha da cobertura permitiram que o empate fosse o resultado final.
Que comece a análise!





Defendemos que fora da linha da área, a linha da cobertura seja diferente da linha da contenção. Neste caso a linha da cobertura deveria estar colocada na linha da grande área, com dupla cobertura no contenção e sempre a condicionar o espaço interior, levando o adversário a jogar para os corredores laterais. Benítez assim não entende!

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Simplicidade brilhante do Wolfsburgo

O 2º golo do Wolfsburgo na vitória sobre o Manchester United por 3-2 é o melhor exemplo simplicidade e magia no mesmo lance. Uma simples tabela com o apoio frontal à entrada da área adversária (deixando a última linha defensiva do Manchester para trás) e bastou Vieirinha acompanhar a jogada e finalizar de forma simples a passe do génio Draxler que quando recebeu a bola, ainda longe da área, procurou sempre atacar o espaço interior e isso fez toda a diferença.  

Vejam vocês!











quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Controlo de profundidade vs Encurtamento de espaços - Sporting CP

Goste-se ou não de JJ como homem, a verdade é que como treinador há poucos como ele. A forma como incute comportamentos defensivos (e ofensivos também) de top às suas equipas demonstram isso bem.

Há situações que passam em claro aos comuns dos espectadores pois os seus olhos estão sempre onde a bola se encontra, no entanto, o jogo de futebol é disputado por onze elementos contra onze e os comportamentos realizados por todos eles e a sua coordenação coletiva, no final do dia, é que vai fazer a diferença.

Assim sendo, peço aos caros leitores do blog que nos próximos GIF's para além de olharem para a zona da bola, que se centrem também na linha defensiva do Sporting CP.




Em duas situações, a equipa do Sporting CP, encurtando o espaço, conseguiu deixar dois jogadores do SL Benfica fora do lance. 
Na primeira imagem muito bem trabalhado o controlo da profundidade quando o adversário tinha hipóteses de colocar a bola nas costas da defesa e redução de espaço quando o adversário se encontrava pressionado. Apoios sempre bem direcionados.

Na segunda, intensidade de William a condicionar o passe para o espaço interior do jogador do SLB, no entanto, Jefferson e a sua já habitual contenção a dar o espaço interior ao portador da bola e que até podia comprometer todo o trabalho realizado pela linha defensiva.


No próximo GIF temos a equipa do SLB a levar a bola de um lado ao outro e a equipa do Sporting a reagir tendo como referência a bola. A linha defensiva sobe e desce (encurtamentos de espaço e controlo de profundidade) consoante a situação do portador da bola, os apoios sempre bem orientados.


Mais uma vez a referência é a bola.


Bola fora da área, subida rápida de toda a equipa.



Todos os Gifs apresentados são fruto de treino. É lá onde tudo é preparado para que a equipa responda coletivamente aos problemas encontrados nos jogos. E no treino, JJ prepara as suas equipas como poucos.



terça-feira, 1 de dezembro de 2015

1ª fase de construção do SLB e SCP

Primeira fase de construção. É a partir deste momento que começamos a criar desequilíbrios aos adversários quer seja com o posicionamento/movimentos dos nosso jogadores sem bola ou através da decisão do portador da bola. É o momento em que começamos a construir o nosso jogar e iniciamos o caminho para o objetivo: o golo.

Neste contexto decidimos observar a primeira fase de construção de SL Benfica e Sporting CP.

SL Benfica




Laterais pouco profundos, muita gente atrás da linha da bola e pouca no bloco adversário. Falta de linhas de passe de progressão de forma apoiada.





Pouca paciência nesta fase, procura rapidamente o passe a explorar a profundidade. Tanto que até dá para os jogadores explorarem a mesma linha de passe e tropeçarem um no outro...

Centrais com possibilidade de transportar a bola, obrigar a sair alguém na pressão e começar a criar desequilíbrios mas preferem o passe ainda fora do bloco adversário onde não se faz mal a ninguém.



Sem ideias, sem soluções...




Sporting CP

Um só Gif para mostrar aquilo que, no nosso ponto de vista, deve consistir a primeira fase de construção:

Criação de condições para sair a jogar pelo cental;
Este transportar a bola para obrigar um adversário a sair na pressão;
Laterais projetados;
Linhas de passe próximas, dentro do bloco adversário e também em profundidade;
Se não dá num lado, procurar outros caminhos;











quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Marcação H-H no Playoff de Qualificação para o Euro 2016?

Parece mentira, mas a verdade é que continuamos a visualizar situações de amadorismo ao mais alto nível. Num playoff resolvido pelo 5º momento de jogo (Como diz JJ e bem, a bola parada), seria de esperar um trabalho mais elaborado por parte da Dinamarca. O 1º golo da Suécia só ocorre devido à marcação individual num canto. Atrair e iludir os adversários é tão fácil que quem não defende à zona torna-se suscetível do incerto. Ibrahimovic não deu hipóteses ao seu oponente direto!





Dizem que Durmisi está neste momento deitado ao lado de Ibra, em Paris, segundo indicações de Morten Olsen.

sábado, 31 de outubro de 2015

No futebol moderno, há que marcar à zona! E não só....

São erros destes que custam pontos e o Werder Bremen acabou derrotado no seu reduto pelo Borussia Dortmund. No lance aparecem Hummels a receber a bola perto da quina da área e a cruzar completamente à vontade (ninguém saiu ao portador da bola nem tão pouco incomodaram a sua ação), Aubameyang a ter marcação individual (H-H) e com isso a retirar um jogador na zona onde entrou a bola cruzada e ainda temos um lateral que nunca recuperou, nunca alinhou pelo defesa mais próximo, nunca fechou o espaço interior e por isso o Dortmund passava à frente do marcador muito perto do intervalo.






Treinadores, ensinem os vossos jogadores a fecharem os espaços mais importantes! Tudo bem que o cruzamento de Hummels é fantástico!

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Corredor central vs corredores laterais - Eliseu Defensivamente

O campo de futebol está dividido em 3 corredores: 2 laterais e um central. No corredor central é onde se encontram as balizas. Assim sendo, quando a nossa equipa não tem a posse de bola esse deve ser o corredor a proteger e, se possível, levar o adversário a jogar nos corredores laterais (onde há menos linhas de passe), criar zonas de pressão para recuperar facilmente a bola e com menos risco tendo em conta que o adversário se encontra no corredor mais distante da nossa baliza.

Neste sentido, custa-me perceber como é que equipas que disputam a UEFA Champions League, que treinam todos os dias, têm à disposição todo o tipo de software de observação e análise e condições top conseguem ter jogadores a cometer erros tão infantis.

Este foi o segundo golo sofrido pelo SL Benfica no jogo de hoje contra o Galatasaray.


 A bola vai entrar precisamente entre Jardel e Eliseu.



Este é o lateral esquerdo que, provavelmente, será titular na seleção portuguesa no Euro 2016. Será que até lá, e depois de mais este golo, alguém lhe vai ensinar a defender corretamente ?